Na casa de minha tia havia um vaso com um exuberante brinco-de-princesa.
Eu ficava observando as flores pendentes, de cores suaves e harmoniosas, que encantavam o olhar.
Num de meus aniversários, ganhei dessa tia um vaso de brinco-de-princesa e o pendurei na sacada do apartamento.
Adorava observar suas belas flores. Mas, com a correria do dia a dia, fui me tornando negligente. Regava quando lembrava, não tirava galhos mortos, não adubava a terra. Tempos depois, fui até a sacada para regar as plantas e levei um susto. O brinco-de-princesa estava praticamente morto. Restava um único galho com uma ou outra folhinha verde.
Fiquei chocada. Como eu não havia percebido aquilo?
Liguei para minha tia e falei sobre o estado da planta.
Lembro-me nitidamente das palavras dela:
Você pode recuperar a planta, mas terá que se empenhar.
Como assim, tia?
Ela está morrendo por falta de cuidado, atenção e amor. Se você der isso a ela, poderá recuperá-la.
Emudeci. Minha tia continuou:
Corte os galhos que ainda estão vivos e coloque-os num copo com água. Deixe-os num local bem iluminado, mas não sob o sol direto. Troque a água diariamente.
Ela falava e eu escrevia numa caderneta, num misto de vergonha, arrependimento e esperança.
Depois de um tempo, pequenas raízes nascerão na ponta dos galhos. Plante-os num vaso com terra adubada, coloque num local bem iluminado e regue regularmente, sem encharcar a terra. Novos galhos irão brotar.
Depois daquela aula de como salvar a planta, atirei-me na missão de resgate seguindo passo a passo as orientações recebidas.
Sem que eu me desse conta, dias e meses foram se sucedendo e, ao final de um ano, o vaso estava com uma folhagem linda, muito verde. Eu conversava com a planta e agradecia por sua recuperação.
Tempos depois, pequeninos botões de flores brotaram nas pontas dos galhos.
Com mais de um ano de cuidados, o brinco-de-princesa estava completamente florido, ainda mais lindo do que antes.
Chamei minha tia para ver aquele renascimento.
Ela me deu um abraço e disse que aquele brinco-de-princesa simbolizava a capacidade de regeneração e renascimento que há em todos nós.
Fiquei olhando para ela, sem entender, até ela explicar:
Foi preciso cortar os galhos secos, o que podemos comparar aos defeitos. Depois foi preciso aguardar que novas raízes brotassem, o que é semelhante a mudar os pensamentos, mudar a forma como nos relacionamos com nossas raízes, a família, os amigos.
Plantar num vaso com boa terra nos remete a acatar a palavra do Cristo em nossos corações. Regar a planta é nutrir a nós e aos outros com amor.
Eu estava absolutamente encantada com aquelas palavras.
Somos como essa planta. Todos podemos nos recuperar, desde que tenhamos uma boa terra, uma boa rega, a luz do amor e a vontade de prosseguir nos passos de nosso Mestre Amado.
Entendi que qualquer pessoa pode renascer e que todos podemos ajudar, sendo jardineiros compassivos, cuidando de quem está secando por falta de amor, respeito e carinho.
Redação do Momento Espírita
Em 28.2.2019.