Filho meu, que não é meu, de quem és?
Precisamos ser de alguém para fazer sentido, para dar sentido, para sentir?
Se nada daqui levamos, por que possuir? Qual o sentido da posse?
Filho meu, que não é meu, de quem serás? Por que serás?
Por que possuir? Não basta ser?
* * *
Vivemos ainda os tempos da posse que nos encanta os olhos.
Existimos para possuir coisas, para possuir pessoas, para fazê-las nossas, contando com isso para que nosso viver tenha sentido.
Mas já paramos para pensar qual o sentido da posse? Por que possuir?
Por que essa ânsia em ter, se o ter não nos faz melhores ou maiores?
O materialismo é, certamente, o maior dos vilões dessa história, junto ao egoísmo.
Se conseguirmos viver baseados nos princípios do Espiritualismo, isto é, sabendo que somos Espíritos e que a vida do Espírito é imorredoura, mudamos o foco, mudamos a visão sobre tudo.
Nós, Espíritos, só levamos daqui, da Terra, as conquistas da moralidade e da intelectualidade. Essas são nossas. Não são posses propriamente ditas, são, sim, lapidações em nossa alma.
Espíritos não possuem Espíritos, isto é, não possuímos os outros e não há tal necessidade uma vez que amadurecemos.
Caminhamos juntos, criamos laços de amor profundo e, pela lei de afinidade, sempre estaremos próximos.
Assim, não há necessidade de possuir.
O amor verdadeiro liberta, deixa espaço para que o próximo cresça, se desenvolva, alce voos outros que, por vezes, planarão sobre planícies distantes das nossas.
Isso não significa uma perda, mas um espaço saudável, fundamental para o desenvolvimento de todos nós.
Não possuímos nossos filhos. Não possuímos nossos amores.
Estão ombreando conosco, nestes dias de transformação da Humanidade, para que juntos sejamos mais fortes.
O amor cria um laço muito forte, sem dúvida. Por vezes não conseguimos vislumbrar como seriam os dias sem eles, os nossos amados, mas a vida precisa ter sentido com ou semeles.
Somos individualidades, Espíritos em evolução, e nossa vida deve fazer sentido sem precisar da posse, de coisas ou pessoas.
Assim, reflitamos diariamente: Por que possuir? Não basta “ser”?
* * *
Desapego. Pensemos profundamente sobre essa ideia.
A ideia de usufruir das coisas, mas não criar esse laço excessivo da posse para com elas.
É um exercício diário desapegarmo-nos das coisas e também das pessoas, amando e libertando a cada dia.
Deixemos de usar os pronomes meu, minha, com tanta ênfase, para nossos familiares – é um exercício interessante.
Nosso filho não é nosso, no sentido de que o possuímos – é nosso companheiro, nosso amigo, nosso amor – mas, nunca nossa propriedade.
Pensemos nisso...
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP.
Em 30.3.2015.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP.
Em 30.3.2015.