Colombo e a coragem de sair ao mar


Em outros tempos, o calendário estava repleto de datas gloriosas que, enquanto crianças, nas escolas, aprendíamos a celebrar com admiração.
Não conhecíamos muito bem esses heróis, mas havia alguns que nos fascinavam pela complexidade de seus feitos: os grandes navegadores.
Pensar que uma pessoa pudesse entrar por um oceano totalmente desconhecido, em busca de novas terras, era algo surpreendente e que preenchia nosso imaginário infantil.
Encontravam índios, papagaios, elefantes, ouro e aquelas famosas especiarias. Tudo novo, tudo fantástico.
Qualquer navegador, portanto, era, aos nossos olhos inocentes, um grande herói, que se aventurara com muita coragem e uns barquinhos quase de brinquedo, por esses oceanos infinitos.
Colombo, porém, era um caso especial.
Víamos aquele destemido homem passar por entre palácios e portos, de mapa na mão, a falar de seu itinerário.
Conhecemos suas glórias e infortúnios.
Um navegador que chegou à América Central, vindo da Europa, com três barquinhos e muito entusiasmo, colecionando adversidades mil.
Acompanhamos com melancolia o resto de sua vida: prisão, desgraças, desprestígios. A pobreza e a morte depois de tantas aventuras e glórias.
Já sentíamos, então, a falibilidade dos homens e guardávamos na memória a imagem de Colombo como retrato de um velho amigo, incompreendido e desmerecido no mundo, ao qual mandávamos os nossos humildes recados de simpatia.
Um grande navegador. Um desbravador. Um herói.
*   *   *
Voltar a viver num mundo material, como a Terra, é das maiores aventuras que se pode imaginar.
Assim como os grandes navegadores, não sabemos o que iremos encontrar no oceano da vida, que mundo nos espera, como seremos recebidos...
As leis maiores, porém, nos dizem que precisamos sair ao mar diversas vezes, nas encarnações sucessivas, buscando crescer em cada uma delas.
Alguns voltamos com as glórias do mundo, mas sem paz na consciência.
Outros voltamos, como Colombo, esquecidos e desprestigiados pelas lideranças da Terra, mas levando na bagagem a coragem, a perseverança e a bravura conquistadas com muito empenho.
As adversidades são muitas... Por vezes pensamos até em desistir, mas algo sempre nos lembra que precisamos  continuar, pois o oceano intrépido passa a ser nosso lar temporário, e compreendê-lo faz parte de todo aprendizado.
À moda dos grandes navegadores, invistamos toda nossa coragem, toda nossa bravura nesta grande viagem.
É preciso coragem para sair ao mar.
Não nos preocupemos com as glórias do mundo. O mundo não está apto a enxergar ainda os verdadeiros heróis. Infelizmente não...
Estejamos em paz com a consciência, com a natureza, com nosso coração... Lembrando que apenas aqueles que não desistiram, que foram corajosos, encontraram as novas terras.
Terra à vista! Será o grito daqueles de nós, vitoriosos, que seguirmos na direção do amor universal.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Colombo,
de Cecília Meireles, do livro 
Quatro vozes, de diversos autores, ed.
Record.
Em 13.2.2013




A apresentação está falhando?

Entre no "www.gmail.com" e feche o usuário aberto.