Trabalho anônimo


Uma enfermeira, que trabalhava em certa Unidade de Terapia Intensiva de um grande hospital, tinha suas obrigações determinadas, ao longo das horas diárias de plantão.
Administrar a cada paciente a medicação prescrita pela equipe médica, auxiliar na higiene diária e oferecer a alimentação, na maioria da vezes, através de sondas.
Para quem já teve a oportunidade de estar em uma Unidade de Terapia Intensiva, seja como paciente ou visitando um ente querido, sabe como esse é um ambiente delicado.
São locais em que a prioridade é manter a vida. Como o próprio nome diz, tratamento intensivo, onde tudo está sendo feito para que o paciente supere a dificuldade orgânica e tenha a vida preservada.
Respeito especial aos projetos que vêm sendo implantados em  UTI's de alguns hospitais, onde tem se tentado humanizar, cada vez mais, esse ambiente de trabalho.
Essa enfermeira cumpria com grande responsabilidade toda a tarefa que lhe era designada. Contudo, fazia algo mais do que sua obrigação.
Todos os dias, no início do seu plantão, passava no leito de cada paciente oferecendo o seu bom dia. Trazia junto a informação de que dia da semana e do mês se tratava, pois sabia que muitos deles perdiam um pouco a noção do tempo. Informava, também, como  estava o clima lá fora.
O mais interessante é que alguns deles se encontravam inconscientes. Para ela, não fazia diferença.
Cada vez que passava próximo aos leitos tinha o cuidado de arrumar carinhosamente o lençol que lhes cobria o corpo, pois imaginava que, se estivessem conscientes, se sentiriam expostos.
Tinha a preocupação de auxiliar na movimentação e na mudança do posicionamento, oferecendo alívio ao corpo cansado do leito.
Quando sobrava algum tempo, elegia um dos pacientes para estar ao lado. Contava histórias do cotidiano, escutava outras. Sabia que o momento da visita familiar era breve e pouco supria a falta dos entes queridos.
Certo dia, estava ali internado um senhor em grave estado. Tratava-se de um advogado, senhor muito amado pela família, conforme ela havia constatado nos momentos das visitas.
A equipe médica, percebendo o rápido agravamento do quadro de saúde, tratou de pedir que avisassem a família para se dirigir ao hospital. O quadro era irreversível, e ele tinha poucas horas de vida.
Passava das dezenove horas e aquela enfermeira havia terminado o seu plantão. Preparava-se para ir embora, pois a colega de trabalho que a iria substituir, lá se encontrava.
Observou que a família do advogado ainda não havia chegado e que ele estava quase inconsciente, com a respiração muito superficial.
Então, fez a necessária higiene das mãos e se dirigiu ao leito onde ele se encontrava.
Segurou-lhe a mão e disse-lhe: Sou eu, sua enfermeira, estou com  você, fique tranquilo, façamos uma oração.
Começou a proferir palavras  de agradecimento pela vida e a pedir a Deus que Seus Mensageiros ali estivessem, de braços abertos, para receber aquele irmão que agora partia.
Terminada a oração, soou o alarme do monitor cardíaco indicando que naquele corpo não havia mais vida. A enfermeira enxugou as lágrimas, desejando que aquela alma seguisse em paz.
Logo em seguida, a família chegou. Não a tempo da despedida. Mas teve o consolo de saber que, no momento da partida, o esposo e pai não estava sozinho. Fora acompanhado por uma enfermeira bondosa.
*   *   *
Possamos nos inspirar nesse exemplo, tentando fazer sempre mais do que a nossa obrigação, sem esperar recompensas.
Façamos do nosso trabalho, seja ele qual for, e também da nossa vida, um ato de amor ao próximo.

Redação do Momento Espírita.
Em 09.03.2011.




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