Sobre o amor


O texto de uma cronista brasileira abre-nos uma perspectiva importante e delicada a respeito do amor.
Suas linhas dizem:
“Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor prá valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos trinta.
Não contaram pra nós que o amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, e que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada ‘dois em um’: duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação. E que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.”
Nunca antes o amor foi tema de tantos textos, estudos, experiências e obras literárias.
Conforme a experiência e inteligência humana vêm se transformando, transmuta-se também nossa forma de ver e viver muitas coisas.
Assim, caem mitos e erguem-se novas verdades, mais maduras, mais equilibradas...
Qualquer cogitação mais aprofundada, hoje nos mostra que a idéia de não sermos completos, de que precisamos de uma suposta outra “metade”, para que só assim possamos ser felizes, é bastante absurda, e no mínimo questionável.
A imagem romântica das “duas partes”, da união entre dois seres, é, sem dúvida, repleta de beleza, mas só a evolução do pensamento para nos mostrar belezas mais grandiosas ainda.
O quanto é belo e esperançoso saber que podemos encontrar felicidade não apenas com uma alma, mas com várias!
E aqui a palavra “com” é deveras importante, pois vamos descobrir que não encontraremos a felicidade “nas” pessoas, mas “com” elas.
A felicidade é nossa responsabilidade, é conquista individual.
Quanta alegria no coração daqueles que “perderam” grandes amores, e que descobrem poderem ter muitos deles nesta e em outras existências!
Quanto consolo para as lágrimas dos que amaram e não foram correspondidos, para os que sofreram os reflexos da imaturidade e desequilíbrio de seus amados.
Há muito para amar. Há muitos para amar. Proclama a verdade da razão.
Muito para aprender na vida a dois, na convivência diária com as diferenças, e nelas o grande segredo do crescimento.
Desfrutamos do conforto e proteção das naves da felicidade, em nosso castelo “lar”, graças às afinidades, é certo.
Porém, são a sabedoria e a maturidade conquistadas na convivência com as diferenças, as grandes construtoras dessas paredes vastas e rígidas que asseguram o sucesso na empreitada doméstica.
A visão ampla e definida que já podemos ter, nos mostra de um lado a anulação, do outro a tirania e a dominação, e faz-nos assim escolher o caminho do meio.
O caminho da individualidade completa na essência, que na convivência com outros vai se moldando e crescendo, perfectível que é, por natureza.
*   *   *
Você sabia que as almas gêmeas no sentido absoluto do termo não existem?
“Deus jamais criaria Seus filhos pela metade. Seriam incompletos.
Trata-se, sem embargo, de uma expressão poética, exatamente para representar aqueles indivíduos que têm excelente encaixe psicológico de tal modo que se complementam psíquica e afetivamente.
Não passa de um símbolo para exprimir os grandes entrosamentos psíquicos, as grandes afinidades entre almas.”

Texto da Redação do Momento Espírita com base em crônica de Marta Medeiros, e na questão 22 do livro Desafios da vida familiar, do Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.




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