O amor


  O amor é de essência divina, bradam os Imortais. O homem, nos ensaios do amor, tem muita vez se equivocado.

        Em nome do amor à verdade deflagrou contendas que atravessaram anos e atingiram a muitos.

        Pelo amor a personalidades eminentes, atingiu vidas, destroçando outras tantas vidas.

        Pelo amor a sítios e paragens históricas o homem luta, guerreia e se desequilibra.

        Contudo, o amor é de essência divina. Do que se conclui que, em momento algum, por nenhum motivo, pode se tornar arma fratricida ou motivo de dissensão.

        O verdadeiro amor simplesmente se doa e não tem limites.

        Recordamo-nos de uma jovem senhora, profissional de mérito, que se consorciou com famoso engenheiro.A fortuna lhes sorriu, a fama, o reconhecimento público. Viviam felizes, não fosse a depressão que vez ou outra acometia a esposa. Tomava-se de tristeza e por horas amargava a solidão.

        Nada que lhe pudesse modificar a disposição, nesses momentos. Nem a presença do esposo, dos familiares, de amigos.

        É que ela guardava um segredo e o remorso a atormentava. Nos verdes anos da juventude engravidara e, inconseqüente, optara pelo abortamento.

        Após o casamento, porque não conseguisse engravidar, passou a crer que os céus a estavam castigando pelo ato terrível que cometera.

        Mas não ousava a ninguém confidenciar o que fizera.

        Até que um dia resolveu abrir a intimidade desconhecida do seu coração ao ser amado. Temia perdê-lo, face à revelação.

        Ele a ouviu e tomando-lhe as mãos entre as suas, murmurou: Já suspeitava de que algo grave houvesse sucedido em sua vida.Respeitei o seu segredo e jamais a amei menos.Agora, muito mais, se for possível um superlativo amor. Este é um grande e especial momento em nossas vidas. Desapareceu o único impedimento que colocava sombras em nossa união.

        Você me perdoa?, perguntou lacrimosa.

        Quem ama, não chega a perdoar, respondeu rápido o marido. O fato de perdoar anularia o sentimento do amor, porque o amor compreende sempre.

        Lamento que este seu gesto de confiança não tivesse se dado antes, pois assim me impediu de usufruir a solidariedade de sofrer ao seu lado, diminuindo-lhe a dor. 

        Segurando-lhe as mãos com redobrada ternura, as beijou: Não soframos mais o passado. Construamos o futuro. Compensemos o ato criminoso, amparando os filhos alheios, se não pudermos ser pais da própria carne.

        Refundamos as nossas forças na fornalha sublime do amor, clarificados pelo amor de Deus.
        O casal, tendo por testemunhas as estrelas da noite calma, renovou as promessas de eterna ventura com dedicação perene.

        Um poema musical de esperança e de mútuo auxílio se expressou, na balada suave do amor.
*   *   *
        O amor cobre a multidão dos erros e equívocos.

        Isto significa que faltas graves podem ser ressarcidas com devoção ao semelhante, dedicação ao bem e trabalho incessante pelo próximo.

        Quem semeia espinhos pode vir a amenizar a aspereza do campo então cultivado, passando a aromatizar o ar com a semeadura abundante de flores coloridas e árvores frutíferas.
Redação do Momento Espírita, com frases extraídas  do cap. 6, pt. 3,
do livro 
Do abismo às estrelas, pelo Espírito Victor Hugo, 
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal

Disponível no CD Momento Espírita v. 
7 e no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.

Em 26.12.2008.




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