Mãos estendidas


        Quando caminhamos pelas estreitas passarelas da vida,
observamos, com pesar, milhares de mãos estendidas em nossa direção.

        São mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...

        Mãos que pedem carinho...

        Mãos distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar
as trevas da consciência culpada...

        Mãos que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as
lágrimas amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que
a morte arrebatou...

        São tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos
fazem sentir impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do
bem, diante de tanta necessidade...

        Todavia, vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos
renovem o ânimo e mudem nossa maneira de pensar.

        O fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública,
não passa de objeto insignificante. Mas, ligado ao poder da usina, é
transmissor de luz e força.

        O pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.
Contudo, se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura.

        A argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.
Todavia, entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre.

        A pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido. Mas, se
unida à construção, é alicerce do lar.

        A lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.
No entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.

        A tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo
desprezível. Quando transformada na corda do violino, é meio eficaz
para que a música possa surgir.

        Entretanto, para servir é preciso esforço e disciplina.

        O fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica.

        O cano necessita ajustar-se para ser útil. A argila
experimenta a alta temperatura do fogo. A pedra aceita o anonimato
para se tornar sustentáculo.

        A lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro
passa por longo processo renovador a fim de responder, com segurança,
aos sonhos do musicista.

* * *

        Em verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e
Espíritos endividados, diante das Leis Divinas.

        Mas, ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos
ser instrumentos do eterno bem.

        Não basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta
de capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro
eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção.

        É preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e
disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e
servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime,
será possível modificar a triste realidade do nosso planeta.

*   *   *

        É sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias
dourados, cheios de tranqüilidade e de sol.

        Cabe-nos aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo
das sendas repletas de dores e dificuldades de toda sorte.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro  Vozes do
grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, ed. Feb, e no verbete Servir, do livro Dicionário da alma, por
Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 22.07.2008.





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